O Paraíso do Diabo

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A Tradução é algo ainda bastante invisível, mesmo entre nós, acadêmicos, muitas vezes não é reconhecida. No entanto, é necessário perceber como ela contribui para novos conhecimentos, para alargar nossa percepção do mundo. Neste caso, eu me refiro ao trabalho sério, competente e comprometido do professor Hélio Rocha, como uma “tradução” da vida de um homem que não sendo da Amazônia por aqui se estabeleceu, e viveu uma ambivalente posição de colonizador e descolonizador. Temos uma contribuição para o acesso a mais uma obra sobre a Amazônia em língua portuguesa, por alguém da Amazônia, o que não é muito comum. O trabalho aqui é imensamente grande e merece reconhecimento. Sob uma lente decolonial, podemos dizer que a obra relevante não pode contar somente com o processo intelectual e criativo na elaboração do texto, mas conta muito também com o contexto cultural e social, e poderia dizer, também histórico em que convive o escritor. Isso o professor Hélio Rocha valoriza muito (como podemos ler na introdução) e faz com que  trabalho apresente certa "transgressão" quando se fala em visões sobre a Amazônia. Neste aspecto eu me refiro à colonização externa e interna  também, uma vez que existe uma certa  “subordinação” cultural, acadêmica e social baseada na geografia do nosso próprio país. Percebe-se uma desigualdade em termos de produção acadêmica que reflete a disparidade de oportunidades nas políticas e práticas de uma variedade de instituições dentro do nosso próprio país. Por isso produzir conhecimento, divulgar este conhecimento na Amazônia, como este trabalho, é uma forma de descolonizar o conhecimento ou “descolonizar a episteme” como fala Walter Mignolo. É uma obra relevante para imaginar e de certa forma de transgredir a episteme  colonizadora que persiste em  duvidar  da evolução da e capacidade de gerar conhecimento na fronteira ou negligenciar obras  relevantes por causa de sua localização geográfica onde é produzida. Há, portanto, uma imposição das formas de conhecimento   que “vem do centro” mesmo em nossos cursos no ensino superior. A publicação desta obra saindo da Amazônia é uma forma de contradizer e transgredir o pensamento de quem apoia e perpetua a colonização espistêmica nos espaços educacionais, por exemplo, no ensino superior no Brasil. O próprio Guimarães Rosa já dizia que “traduzir é conviver” e aqui se mostra como se convive com um texto com um contexto que devem servir de reflexões para estudiosos do Brasil e do exterior, independente de sua localização geográfica.
 
Miguel Nenevé
Tradutor e Professor de Literaturas na Universidade Federal de Rondônia - UNIR
ISBN 978-85-5953-002-5
222 páginas
160 x 230 mm
• Prazo para postagem:
• Código do produto: 30B4F5
• Quantidade mínima: 1
• Frete: grátis
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